Crítica do Mês | A Bela e o Monstro (1991)

Decidimos fechar o ano em grande com a tão aguardada Crítica do Mês. A primeira de muitas!



Título original:
Beauty and the Beast

Data de estreia internacional:
12 de Novembro de 1991

Data de estreia em Portugal:
11 de Dezembro de 1992

Duração:
84 min

Realização:
Gary Trousdale
Kirk Wise

Produção:
Don Hahn

Argumento:
Linda Woolverton

Elenco original:
Paige O'Hara
Robby Benson
Richard White
Jerry Orbach
Angela Lansbury
David Ogden Stiers
Bradley Pierce
Jesse Corti
Rex Everhart

Banda-sonora:
Alan Menken
Howard Ashman

Orçamento:
$25 milhões (dólares)

Lucro de bilheteira:

$377,350,553 (dólares)

A Bela e o Monstro” tornou-se num marco especial, não só para a Walt Disney, como para o mundo da animação em geral, ao ser a primeira longa-metragem animada em nomeação para o Óscar de Melhor Filme por parte da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Em 1992, embora não tenha sido declarado vencedor, levou para casa, de entre as suas seis nomeações, duas estatuetas para Melhor Canção Original e Melhor Banda-sonora Original entregues a Alan Menken, que subiu ao palco em seu nome e no de Howard Ashman, falecido durante a produção do filme.

O próprio Walt Disney havia colocado a hipótese de adaptar ao grande ecrã este conto clássico após o sucesso, em 1937, de “Branca de Neve e os Sete Anões”. Registaram-se algumas tentativas de o fazer durante os anos 30 e 50, mas a companhia viu-se desencorajada e desistiu da ideia, pois, para além de considerar ser um desafio demasiado grande, o cineasta francês Jean Cocteau acabaria por lançar a sua adaptação em imagem real, “La Belle et la Bête”, no ano de 1946. Foi apenas algumas décadas mais tarde, em finais de 80, fruto do grande sucesso comercial de “Quem Tramou Roger Rabbit”, que o estúdio abriu a gaveta e desempoeirou o projecto.


Crítica

Se “A Pequena Sereia” deu início, em 1989, à chamada era de ouro da Walt Disney, então “A Bela e o Monstro” veio consolidá-la em definitivo. Recorre-se uma vez mais à fórmula clássica de fabrico de contos de fadas: temos a princesa, o príncipe, os sidekicks e o final feliz. Mas este é um conto diferente de uma “Branca de Neve” ou de uma “Cinderela”, pois, aqui, Bela, a princesa e personagem principal do filme, não é uma simples rapariga que, por sorte do acaso, acaba por encontrar o seu príncipe encantado; Bela representa uma figura mais profunda do que qualquer uma outra princesa Disney, ela procura algo que passa por muito mais do que casar com um príncipe. Esta é uma característica que capta a empatia dos mais velhos de forma muito mais convincente, pela maturidade que contrasta com o estereótipo da princesa superficial.

A história é a que todos conhecemos. Bela, a rapariga mais peculiar da vila, quer “mais do que esta vida provincial” e Gaston, o vilão do filme – se assim lhe pudermos chamar – quer casar com ela a todo o custo. O pai de Bela, um inventor de pouco engenhoso, vê-se perdido na floresta e, acidentalmente, dá de caras com o Monstro, um príncipe agora besta, que se vê obrigado a encontrar o verdadeiro amor de forma a voltar à sua figura humana e quebrar o feitiço. Bela troca de lugar com o pai e torna-se numa eterna prisioneira, enquanto a última pétala da rosa está prestes a cair.



O castelo é habitado por objectos falantes, entre eles um castiçal, um relógio e um bule de chá, outrora humanos. São estes os sidekicks que nos acompanham durante a aventura, e não podiam ser mais irresistíveis. O Monstro é por eles convencido a tentar conquistar a rapariga e são eles os grandes responsáveis pelo clima criado entre ambos, bem como pelo grande número musical do filme ao acolher Bela no castelo, uma coreografia de copos, guardanapos e talheres e de cores infinitas. Com a música de Alan Menken, o compositor da era de ouro e dono de uma habilidade rara, e letras de Howard Ashman, já experiente neste mundo sonoro da animação.

A Bela e o Monstro” é um dos mais perfeitos exemplos que demonstram por que é que a animação, em muitos aspectos, consegue ser superior a imagem real, e isso destaca-se na célebre cena da dança no salão, que dificilmente seria recriada em carne e osso com a mesma magia e esplendor. Tudo aqui é perfeito e pensado ao mais ínfimo pormenor. O ambiente do filme é envolvente e ilustrado de cores maravilhosas. Os cenários são de cortar a respiração, abrindo desde logo com uma floresta quase tridimensional e de uma beleza extraordinária, passando pela vila de cores vivas onde mora Bela e pelo castelo assombroso e incrivelmente bem desenhado do príncipe transformado. A animação é de uma pureza que flui na perfeição e o design das personagens são do mais atraente que é possível ser criado, bem ao estilo a que a Disney já nos habituou.



Um filme que prova, uma vez mais, que os clássicos Disney não são apenas filmes para crianças, são filmes para todos aqueles que têm ainda o raro dote de sonhar, seja qual for a sua idade.
Classificação: 5 em 5
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